terça-feira, 1 de junho de 2010
Sócrates e Passos Coelho, uma cartola datada
Sócrates e Passos são dois coelhos saidos da mesma cartola. Ambos gostam de ser vistos como principes, de se enfeitarem como principes, de pensarem, quer dizer, dicidirem como principes, de fazer das aparências todas as suas virtudes, de dançarem a valsa da meia-verdade, por isso são o Sec. XVIII em cima de dois pares de pernas, um par para cada qual, que é para pelo menos parecer que algo os diferencia. Ambos gostam de ter muitos servos, craidos para tudo e para nada, e um rebanho de carneiros que mordem as verduras de ocasião, até serem levados para o descampado a fim de serem abatidos numa sessão de caça alvitrada pelo principe e seus caprichosos embusteiros.Depois farão gala da sua pontaria, e da capacidade dos carneiros para se submeterem à vontade de quem pode, de quem sabe, de quem quer. E os convidados para caçar, levam apanhadores e cães, os amestrados para servir, fa-lo-ão com causa e zelo, e os outros batem palmas, para aferir se os principes ainda têm o ouvido sensivél. E finda a caça, começa a caçada.
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