quinta-feira, 7 de outubro de 2010

A escala e os príncipios nas virtudes humanas

A escala e os princípios nas virtudes humanas.

Durante muitos anos da minha vida, por razões só a mim imputáveis, tive enormes dificuldades em entender, até porque aceitava a tese como válida, a ideia de Felicidade em Kant, dado que me parecia, e parece, que a obtenção da Felicidade por alguém estar associada às virtudes desse “alguém”. Bem, conhecemos todos aquela máxima popular de que só os tolos podem ser felizes, daí a que sejam tantos aqueles que se fazem tolos para disso tirar proveito próprio vai um passo. Mas adiante! Por isso, bem entendido, sempre considerei que para o filósofo rigorista, ser feliz era igual a ser virtuoso, e isso deixava-me triste, visto que eu sempre cultivei o desejo de ser feliz, só que as minhas virtudes, de escassas, nem mesmo eu era capaz de as ver, de as apalpar, de as sentir. Por isso……
Como, intelectualmente falando, sou um produto caseiro, solitário, tentei por todos os meios ao meu alcance encontrar uma explicação para este meu dilema, pois durante algumas ocasiões cheguei a pensar que se tratasse, essa aparente impossibilidade, de uma questão de escala, quando vim a descobrir, com muito esforço e até algum sofrimento, que tudo se devia a uma questão de princípios. Tive que reler Sócrates, ou o que sobre ele foi escrito, e não é pouco, garanto-vos; reler Espinosa, Rousseau, Feurbach, Marx, cujo saber formam a base do que eu quero saber sobre a Felicidade dos Homens, mas vários outros, até Kierkegaard. Para mim é um prazer colocar-me, voluntária e afincadamente diante deste tipo de desafios, a minha esposa é que gostava mais que eu me dedicasse a outras tarefas mais de ordem prática, mas vamos remediando as coisas!
Depois dessa luta, e diz um verso de uma das mais belas cantigas do cancioneiro tradicional português, dos Açores, “ coitado quem não peleja, rema que rema, passa a vida a navegar”, acho que descobri o que se me aparentava tão difícil, mas que afinal era tão intuitivo, tão simples! Diante das contradições da vida em sociedade, quer dizer, por sobre a realidade concreta que vive o Homem, cada um constrói, influenciado pela educação familiar, do meio que o cerca, pelo tipo de amigos e relacionamentos de todo o tipo que vai tendo, das circunstâncias, para lembrar Ortega y Gasset, cada um de nós forma a sua consciência ética, sem deixar de “herdar” uma moral. Muitas vezes, e o recurso a Sócrates dá-nos disso exemplo, a nossa ética colide com a moral dominante, que é também a nossa, pois, nessa matéria também somos fruto de um sistema determinado de valores que não escolhemos, e somos levados a fazer uma escolha. É então que aquilo que para alguns é um problema de escala, para outros é uma questão de princípios. Que fazer, então?
Aquilo que me chegou a parecer uma decisão de carácter transcendente, no limite da minha capacidade de aceitação, que envolvia “seres” distantes e omnipresentes, é, depois de uma análise ponderada, afinal, uma questão de respeito pelos princípios estruturantes da consciência ética de cada qual. Um simples exemplo: diante desta sociedade desigual, formada por velhacos de toda a espécie, com milhões de Seres Humanos a morrer de fome, enquanto outros desperdiçam em dobro o que seria mais do que o suficiente para todos se alimentarem e viverem bem, quem quiser ser feliz só pode fazer duas coisas: lutar de acordo com os seus princípios na denúncia do que está mal a seus olhos, tentando demonstrar, pelo exemplo, que é possível e desejável que se deixe de dar prioridade nas nossas escolhas à contemplação deste mundo de horrores e se tente transformá-lo em algo melhor para TODOS; que nas suas PRÁTICAS, cada um procure a decência ética como primado da sua acção, quero dizer, em cada escolha ou contradição, em cada aparente impossibilidade, opte SEMPRE pela opção mais decente que lhe seja possível, para poder viver de acordo com os seus princípios, e essa é uma forma de virtude humana. Creio ser essa a exigência de Kant, segundo o seu imperativo categórico, na versão mais apropriada ao que quero transmitir : ”Faz somente aquilo que possa ser universalizado (para todos). Considera o outro como pessoa porque ele é um fim em si mesmo e não um meio de que te possas servir”. É claro que quem assim procede é porque tem vontade própria, e tem o profundo desejo de respeitar um preceito fundamental da Natureza: o Homem é este e aquele, na sua individualidade, porque de uma única espécie, a Espécie Humana. Não tem nada que saber, está na linha da razão prática!
José Luís Moreira dos Santos
http://Salto do canguru.blogspot. com

terça-feira, 1 de junho de 2010

Sócrates e Passos Coelho, uma cartola datada

Sócrates e Passos são dois coelhos saidos da mesma cartola. Ambos gostam de ser vistos como principes, de se enfeitarem como principes, de pensarem, quer dizer, dicidirem como principes, de fazer das aparências todas as suas virtudes, de dançarem a valsa da meia-verdade, por isso são o Sec. XVIII em cima de dois pares de pernas, um par para cada qual, que é para pelo menos parecer que algo os diferencia. Ambos gostam de ter muitos servos, craidos para tudo e para nada, e um rebanho de carneiros que mordem as verduras de ocasião, até serem levados para o descampado a fim de serem abatidos numa sessão de caça alvitrada pelo principe e seus caprichosos embusteiros.Depois farão gala da sua pontaria, e da capacidade dos carneiros para se submeterem à vontade de quem pode, de quem sabe, de quem quer. E os convidados para caçar, levam apanhadores e cães, os amestrados para servir, fa-lo-ão com causa e zelo, e os outros batem palmas, para aferir se os principes ainda têm o ouvido sensivél. E finda a caça, começa a caçada.

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Sócrates não gosta de Alegre

Cavaco e a Direita

Cavaco e a Direita

Sei agora que Bagão Felix e Ribeiro e castro têm esposas com melhores relações com a imprensa que eu próprio, pois se as suas esposas os sondaram, cada qual a sua, para serem candidatos à presidência da República,como concorrentes daquele outro senhor que já é mas que quer voltar a ser, o das "posturas de estado", também a minha esposa me sondou, mas depois de ouvir o som das trevas que se iluminam em dias de crise, e assegurou-me que ganharia, que seria ela, a minha esposa, a próxima primeira dama, e eu, o marido dela, o futuro presidente, o que falaria com postura de estado, sorria com postura de estado, ouvia com postura de estado, ia a banhos com .....

Bagão Felix sondado.

Ouvi o próprio a afirmá-lo: fui sondado!
Não fora a esposa de Bagão Felix ter melhores contactos nos meios de comunicação social que a minha esposa e eu também teria sido escutado pelos jornais, revistas, rádios, televisões, etc, pois também ela, a minha esposa, me sondou sobre o assunto.Mais, confidenciou-me que ouvira dizer que havia a possibilidade de eu conseguir destronar o outro, aquele que não ajudou a velhinha a atravessar a rua, como lhe competia, como todos esperavam, ao contrário de alvitrar que não sabia. Agora que Bagão Felix, e até aquele, o Ribeiro e Castro, disseram que não, mesmo depois de sondados pelas respectivas esposas, em que posição ficava eu se viesse agora dizer que a minha esposa não só me sondou, como me confidenciou, como me instruiu, como me asseverou, como .........Perder uma oportunidade destas!

P.S. declara apoio a Manuel Alegre

É notícia em tudo o que é orgão de comunicação: P.S. declara apoio a Manuel Alegre!
Vejam só, uma notícia que não alegra ninguém, para lá de incomodar muitos, divertir alguns e indispor uns tantos!

segunda-feira, 29 de março de 2010

Hoje é o dia

Hoje é o dia
em que os gritos adormecem
embalados na esperança
de uma brisa serena e leve
que agitará todos os canteiros.
Hoje é o dia
em que as certezas sucumbem
ao som dos passos que anunciam,
de forma contida mas firme,
um tempo novo!

Pela eleição de José “pepe” Mujica
para Presidente do Uruguay.

Pardilhó, 29 de Novembro de 2009
José Luís Moreira dos Santos.

A pobreza

A pobreza, essa filha da inconsciência, da indiferença, da exclusão e do preconceito; irmã gémea da miséria, companheira da revolta, nem sempre humanamente compreensível e socialmente aceitável.


A pobreza, que todos conhecemos desde de que nos conhecemos como gente, tem uma enormi- dade de causas e de consequências, e nunca foi entendida pelos poderes públicos, nem pelas sociedades no seu conjunto, como um problema que ultrapassa o aparente simples raciocínio de que sempre houve e sempre haverá pobreza no mundo, pois até na Bíblia a pobreza é mostrada como um passaporte para o Reino dos Céus. Contudo, eu penso que enquanto as sociedades não resolverem a questão da pobreza, que no nosso país atinge cerca de 1/5 da população, nunca poderemos aspirar a ser uma sociedade que mereça o nosso próprio respeito, a nossa adesão a uma sã convivência social, o sentimento de irmandade pregado muitas vezes a despropósito em situações de tragédia, de calamidade ou de acidentes naturais e outros, porque, se formos minimamente conscientes, para tanto nos faltará a auto-estima necessária para levarmos a sério os apelos moralistas e falsos que têm lugar nessas ocasiões. E digo discursos moralistas e falsos porque vindos, quase sempre, de quem ocupa os lugares onde se concentram os meios financeiros, políticos, legais, técnicos, etc, para enfrentar o problema, e que do muito que poderia e deveria ter sido feito, resta o blá, blá, blá que tanto me aborrece ouvir em todas as ocasiões e muito mais em situações de sofrimento humano.
Sabemos todos que as sociedades que construímos têm por finalidade fazer as pessoas felizes, e que para tanto todos têm o dever de contribuir com a sua quota- parte, de acordo com as suas capacidades
avaliadas de forma integral. E é por causa de uma interpretação apressada deste conceito genérica e geralmente aceite, que nasceu um preconceito arrasador que domina todas as discussões em torno deste tão grave problema mais que de dimensão social para ser um problema que compromete toda a humanidade. É claro que se faço esta afirmação, me caberá demonstrar as suas bases de sustentação e a sua razoabilidade.
Comecemos por falar em primeiro lugar das causas da pobreza. Todos sabemos que a pobreza tem causas longínquas, já estudadas e conhecidas, que não cabe aqui explorar, pois este simples raciocínio não tem a pretensão de ser mais do que isso; até porque fazer uma abordagem mais profunda do tema daria um âmbito diferenciado àquilo que eu pretendo que seja uma tomada de posição pessoal, que só a mim responsabiliza, mas que quero partilhar com os leitores deste jornal. Por isso, fiquemo-nos pelas causas da pobreza relativas ao mundo que recebemos das gerações anteriores mas relativamente próximas do nosso tempo.
A maior parte das vezes, para não dizer quase sempre, aquele que hoje é pobre já nasceu pobre, é pobre desde do berço, sempre se conheceu pobre e quase sempre se viu e aceitou na sua condição de pobre. Ademais, faz parte dos valores culturais e sociais em que cresceu e foi educado olhar a pobreza como uma escolha de entidades que estão longe, e não estão em condições de serem contactadas por meios puramente humanos e racionais. Mais, segundo esse preceito, a pobreza é boa, representa uma vantagem de ordem espiritual. Portanto, saber viver a condição de pobreza representa um louvor e um esforço que será compensado na altura e pelas entidades devidas. Pobre mas honesto, eis a máxima dos valores universais da pobreza, como que a dar a entender que os ricos até podem ser desonestos, que para o efeito, de se ser pobre, pouco importa, pois o dia virá! Mas nascendo pobre, ao pobre não cabe a tarefa de perpetuação da sua pobreza ou tudo fazer para acabar com ela, a pobreza, e estamos a falar de pobreza material, social, não de outras dimensões da pobreza, esclareça-se. Assim, se as condições em que é criada uma criança pobre determina a sua futura relação com a pobreza, isso é assunto que a ultrapassa, à criança, e que se transforma num libelo acusatória contra a sociedade em que nasceu, e cujos membros por mero egoísmo ou desumanidade se remetem ao silêncio e à comodidade de viver a sua vida sem remorsos nem compromissos de qualquer ordem.
É por isso, que quando chegada a idade de frequentar a escola, e falo do momento presente, não do tempo em que tive idade para o fazer, as crianças pobres, como todas as outras, vão ser sujeitas a uma forma de comportamento, a uma disciplina de aprendizagem, a um relacionamento hierárquico com a aqueles que lhes vão transmitir conhecimentos, os que vão zelar pela normalidade funcional das escolas, com os seus iguais, as outras crianças, que às vezes lhes parecem seres de outro mundo em face da realidade concreta de cada um, etc.; portanto, estas crianças, as pobres, têm comportamentos muito próprios, especiais, incompreensíveis aos olhos daqueles que tiveram um percurso de vida considerado normal, quer dizer, com acesso a coisas que os meninos pobres de todo desconhecem, bem como quanto à forma de se comportar como à forma de lidar com coisas e situações que lhes são completamente estranhas. Parecem uns animaizinhos, dizem alguns puritanos intervenientes no processo de formação das crianças e jovens, sem cuidar da responsabilidade que cabe a cada qual, sem compreender que a uns cabe a tarefa de incluir, pois para tanto recebeu formação adequada, e outros têm o direito humano de receber.
Atribuir aos pais das crianças pobres a responsabilidade pelo seu comportamento pouco sociável, pela indisciplina de que podem ser portadores, etc, é a conclusão mais simples, mais cómoda, mais barata, mais geralmente aceite, mas com origem num simples e desacreditado preconceito, porque instigador da aceitação da perpetuação da situação. Será que aquelas ou aqueles que têm a obrigação profissional de formar, e aqui também cabe a tarefa de educar nos casos que se justificar, não foram elas/eles mesmos formados para compreenderem as diferenças sociais, culturais, económicas e outras que marcam a proveniência dos seus formandos? Se assim for estamos diante de uma pobreza bem maior do que a pobreza por falta de bens materiais, mas isso é outro assunto. É que nos dias de hoje está cientificamente comprovado que qualquer criança é um projecto de homem/mulher, e que a formação do seu quadro mental, as noções diversas de cidadania, como já no princípio do século dizia José Ortega e Gasset, filósofo espanhol, que para além da sua herança genética, que independentemente da condição social pode ser melhor ou pior, as circunstâncias têm uma grande importância na formação do carácter de cada um.
Isto para dizer que se os pais foram vítimas e se não tiveram forças, condições, oportunidades, ajudas, etc, para eles mesmos saírem da condição de pobres, e tal condição comporta uma imensidão de limitações, por que fenómeno seriam capazes de educar os seus filhos senão segundo os únicos valores e comportamentos que conhecem? Bem sei que todos os fenómenos têm excepções, mas isso só confirma a existência de uma regra que lhe está subjacente.
Filhos de boas famílias, de boa gente, ouve dizer-se quando aqueles que saíram de outras condições se comportam de forma considerada desviante, mas para os filhos daqueles que nasceram desviados do acesso ao mínimo dos mínimos para a condição de humanos, diz-se que têm falta de educação, que foram assim educados, e eu pergunto: podem ser educados de outra forma? O que diz um pai de hoje a um filho que a todo o custo quer que lhe comprem umas calças da marca tal, independentemente de precisar ou não delas? Pois é Claro, compra. E o que diz um pai pobre a um filho que lhe pede um iogurte? Neste caso, uma das respostas possíveis é a de que não tem dinheiro. Como se percebe, respostas simples para cada um dos exemplos e com consequências igualmente simples: no primeiro exemplo o desejo é realizado, no segundo exemplo não; e isso tem alguma importância na formação do carácter de cada um dos jovens em causa? Eis a minha tendência para o mau feitio e para a demagogia: que pergunta! Continua.

Pardilhó, 5 de Novembro de 2009
José Luís Moreira dos Santos








Pobreza, continuação.



Dando continuidade ao artigo anterior sobre o mesmo tema, importa referir que quanto às causas da pobreza, em nossos dias, ela é da ordem da indiferença, pois que a causa de se nascer pobre é quase identitária da condição da pobreza futura, e o período de formação do carácter de uma criança e jovem pobre é determinante para que possa criar as condições mínimas exigidas para poder fugir da pobreza na maioridade. Isto pressupõe uma condição que no momento actual, por mera frivolidade, dificilmente se verificará: a possibilidade de igualdade de condições e de tratamento no aceso aos meios e aos materiais de aprendizagem, mas essa exigência fica à porta de entrada da escola já no período da pré. Alguns acham, e esses estudiosos, que nos falam das escolas boas e más em razão das estatísticas de aproveitamento são disso a prova, que nos dizem que nas escolas privadas, mesmo assim com excepções, estão os melhores resultados, o que não quer dizer melhores alunos, diga-se, estão apenas a mostar por números o que todos nós somos capazes de adivinhar: a homogeneidade do quadro de alunos é maior nessas escolas, dada a origem social dos alunos, que numa escola onde o acesso é garantido de forma universal e não por capacidade financeira dos pais dos alunos, mas, enfim.
É certo que os alunos mais pobres, mesmo aqueles que têm a sorte de ter sobre si e o seu crescimento a atenção de pais pobres, sem instrução, mas determinados a tudo fazerem para que os filhos possam sair do ambiente de exclusão e da pobreza que sempre conheceram, vão ser confrontados com coisas, gestos, comportamentos, etc, que não fazem parte do seu mundo, pelo que se não foram logo de inicio ajudados na compreensão destes pormenores, a que as crianças sempre estão atentas, podem, e muitas vezes de forma definitiva, levar algumas das crianças e jovens a enveredar pelo isolamento, que os levará a ver na escola um lugar onde são humilhados na sua pobreza, de que não se podem sentir culpados, mas de que podem ter a tendência para responsabilizar os pais, á falta de melhor explicação. A escola é para todas as crianças e jovens o alfa e o beta do seu futuro, mas é para as crianças que tiveram a má sorte de nascerem pobres, também o ómega para as suas vidas. Por tais razões, tenho tendência a eleger a escola como o lugar de ponto de viragem para solucionar esse cancro social da pobreza pela via das crianças e jovens, pois o analfabetismo é um dos mais sérios e indomáveis veículos e expressão visível da condição de pobre. O que tem sido realizado desde a Revolução de Abril ao nível das infra-estruturas e equipamento, e quanto às condições de acesso e permanência na escola, há-de dar resultados, se as condições de acompanhamento melhorarem e forem adequadas a cada situação concreta, sem “padronismos bacocos” ou visões retrógradas. Qual é o mal de haver turmas com 4 ou 5 alunos e com condições de aprendizagem complicadas? A escolha é entre ir por aí ou daqui por 10 ou 15 anos termos nas escolas os filhos dos actuais alunos nas mesmas condições dos pais, como a vida já demonstrou.
Mas a escola, infelizmente, nem sempre é o lugar de integração, de inclusão social que preconizo, sendo muitas vezes o pior dos exemplos de exclusão. E por muitos motivos, sendo que o principal é o da não preparação de muitos dos seus elementos, sobretudo ao nível dos formadores, que não são capazes de fazerem das salas de aulas o espaço onde as crianças pobres se sintam apenas crianças e jovens, mas portadores de alguma peste, visto que são muitas vezes os formadores que descriminam as crianças e jovens por razões de dificuldades na aprendizagem, por razões de higiene, de linguagem, etc. É claro que a escola não está formatada para responder a situações de certo tipo, como a indisciplina, por exemplo, e que muitos dos formadores acham que a única tarefa para que foram contratados foi para transmitir conhecimentos a quem nisso estiver interessado, independentemente de quaisquer outros critérios ou condicionalismos, mas se assim fosse, se os princípios orientadores da profissão fosse apenas isso, então teria que haver outras profissões a desempenhar tarefas na escola, que não ligadas ao ensino/aprendizagem, mas, quem sabe, à segurança, por exemplo, mas, nesse caso, seria despropositado falar da escola como lugar de formação, mas como um ponto de encontro de crianças e jovens onde uns vão aprender algumas coisas sobre uma série de assuntos, e outros iam fazer não se sabe bem o quê. Se calhar, para sermos honestos, é isso mesmo que está a acontecer? Talvez, mas tem de mudar, e pela afirmação profissional dos professores, que não podem aceitar, muito menos justificar, que na escola a sua tarefa se limite a chegar à sala de aulas, tirar da pasta uns livros, debitar a matéria e quem quiser que se amole, o resto….
.Não, não vou entrar naquele discurso repetido, demagógico e paternalista de que as crianças e os jovens são o futuro ( eu é que não sou), mas que com seres humanos em formação não se pode brincar. Por isso, é preciso dizer alto e bom som que uma criança, pobre ou rica, quando nasce só tem direitos, TODOS, e só depois de receberem a sua parte dos direitos que têm: alimentação, educação, carinho, formação, etc que são absolutamente indispensáveis à sua preparação para as escolhas que têm pela frente, é que passam a ter deveres e direitos correspondentes ao seu estatuto de adultos, para quando forem velhinhos passarem novamente à fase unicamente dos direitos. Por isso, segundo este meu raciocínio, num país onde há crianças e jovens pobres é um país onde alguém lhes ROUBOU os seus direitos originários, porque só depois de usufruir dos seus direitos de criança, regulamentados e tudo, lhe pode ser pedido em troca, exigido, e durante o seu período de vida activa, o cumprimento dos seus deveres, pois se recebeu ficou em divida, se não recebeu ficou credor, se paga o que recebeu saldou a dívida, se paga mais do que recebeu fica credor. Tudo simples. E se não recebeu nada quando criança ou jovem, e fica pobre e sem recursos de defesa para enfrentar a vida activa, não ficará credor para sempre?
Mas, para além desta pobreza a que se convencionou chamar de endémica, estrutural, permanente, crónica, eu sei lá, há uma outra pobreza, uma indignação humana igual, mas com outra origem. Não é, no essencial, pobreza de berço, é de insuficiente remuneração do seu esforço, é da ordem da exploração, da desvalorização do esforço humano, da desmiolada e cínica desvalorização do trabalho ou das profissões, para ser mais exacto. Refiro-me, como se percebe, aqueles que trabalham, cumprem horários, independentemente dos berços conseguiram aprender algumas coisas que os prepararam para o mundo da produção de riqueza, que aprenderam uma profissão, que participam no esforço da produção de riqueza para o País e que não vêm resultado outro do seu esforço que não seja a pobreza. Porém, eles sabem que a riqueza que ajudaram a produzir é muito dividida: por especuladores, exploradores, agiotas, ladrões, vigaristas, etc, mas não por eles, os produtores. Por quê? Porque na ordem inteligente, que não inteligível, das coisas, ordem essa estabelecida por uns quantos cérebros - muitos deles de origem social modesta, da classe baixa, é bom que se diga -, o individuo que faz uma casa não precisa de mais do que comer alguma coisa para ter forças para continuar a construir outras casas, enquanto que os que as mandam construir e as habitam têm, nas actividades a que se dedicam, de ganhar o suficiente para puderem viver confortavelmente dentro dessas casas. Que mal há nisso? Nenhum, claro, isto sou eu a “demagojar”, como é o meu forte. Então quem………, não tem que ser pago de acordo com…..?, É muito certo. E quem trabalha, seja em que profissão for não…? Pois não, tem que ser pobre, quero dizer, não ter acesso àquilo que é indispensável a uma vida decente para si e para a sua família! Ou para viver modestamente, como a esmagadora maioria daqueles que dominam os aspectos essenciais de uma profissão e têm um emprego em empresas que respeitam os seus direitos. Mas há o outro lado!
Bem sei que há muita gente que pensa que foi Deus que criou o mundo como ele é para……, e eu respeito muito quem assim pensa, mas eu não penso da mesma maneira e, além do mais, não acredito também que um deus tão injusto e tão pouco preocupado com o Ser Humano pudesse existir, pois, então por que se chamaria deus? Aqueles que crêem num Deus da sua Fé, seja qual for, mas no caso dos cristãos acreditam que o seu Deus é Amor, amor por todos, pelo menos em conformidade com o segundo Testamento, não refúgio para alguns ou desculpa conveniente e disponível para muitos mais. Continua.

Pardilhó
José Luís Moreira dos Santos










































A POBREZA, CONCLUSÃO

A pobreza na dimensão daqueles que nascem pobres e que a sociedade enjeita logo à nascença, nada fazendo para os tirar dessa condição, que é nas suas incidências muito mais que a falta de coisas materiais, mas também é, diga-se, com todo um rol de problemas sociais graves associados, foi a minha primeira preocupação no conjunto dos artigos que dediquei ao tema da pobreza; a situação daqueles que trabalham, cumprem horários e instruções dos seus superiores hierárquicos ou dos seus patrões e não ganham o suficiente para viverem com as suas famílias condignamente, também já aqui aflorei, mas estas duas formas de pobreza vão desembocar numa outra, a dos reformados e inválidos para o trabalho. São quase um milhão em Portugal, e são pobres por herança directa do egoísmo de classe, a classe daqueles que ocupam os lugares de decisão política, muitas vezes uma mistura de classes, a que vulgarmente se chama elite do poder, numa alusão interesseira à teoria das elites, de Vilfredo Pareto.
É que no caso das reformas e pensões como no caso dos baixos valores dos salários, são decisões políticas aquelas que determinam uns e outros, e por detrás dessas decisões estão preconceitos, visões do mundo, egoísmos, patranhas várias que escondem a ideia geral principal que serve de suporte ideológico a estas manifestações de exclusão: as pessoas não são todas iguais e, por isso, não têm que ser olhadas como se o fossem, pois os pobres habituam-se à pobreza e os que podem, seja sob que forma for, não a aceitam, mas acham que não é nada com eles. O que quero dizer com este palavreado? Que no decurso da vida activa de cada um, do mais modesto empregado à mais alta sumidade dirigente, está associada, objectivamente, uma certa produção de riqueza, sejam tijolos, recolha de lixo ou o mais importante contrato, negócio. Essa riqueza, seja a que for, é riqueza do País, que depois será distribuída de acordo com os tais critérios inteligentes que todos conhecemos e que têm uma hierarquia pré-determinada. Porém, como normalmente são produtos de consumo geral, os consumidores pagam os respectivos impostos por os consumir, mais os impostos pelo transporte desses produtos, mais impostos associados aos materiais, matérias-primas, factores de produção em geral, etc, mais os impostos relativos ao rendimento do trabalho, dos impostos sobre os lucros, enfim uma catrefada deles. É o País a girar!
Ora se é preciso investimento para os meios de produção, que normalmente é totalmente remunerado durante a vida activa desses meios, pelo que paga e repaga o capital, a remuneração do trabalho que foi necessário para produzir uma certa riqueza é paga sob a forma de salário em uma certa parte, pelo que cabe ao Estado gerir tanto o dinheiro dos descontos dos trabalhadores durante a vida activa , enquanto criam riqueza para o País, repito, sob a forma de fundos de pensões, pagas pelos próprios e pelas entidades patronais, cerca de 35% do valor do salário mensal, como alguma parte da riqueza produzida que entrou nos seus cofres sob a forma de impostos diversos, como referi, para um fundo auxiliar de manutenção das pensões daqueles que por idade ou por doença deixam a vida activa. Com isto quero dizer que quando alguém passa à situação de reformado apenas vai receber uma parte da totalidade do que juntamente com a sua entidade patronal descontou. Então, não se devia ser pobre pelo facto simples e esperado de se atingir a idade da reforma. Por isso, quando ouço alguém tratar das pensões e dos pensionistas e inválidos para o trabalho como um peso morto da sociedade, quando estes só estão a receber ao fim de muitos anos aquilo que colocaram sob a guarda do Estado durante esse tempo, fico em pulgas.
Há dias li um artigo de um patarata que dizia que a geração de reformados actual tem aquilo que a geração dele não terá quando chegar à situação de reformados. E será verdade? Então é porque a geração do papalvo não se acha em condições de defender os seus direitos. Porquê? Porque não conheço nenhuma geração que recebesse sem primeiro pagar, portanto, cada elemento de qualquer geração recebe em função do que confiou nas mãos do Estado. Cada geração paga para si mesmo, não para outras, só se o Estado gastou o dinheiro de gerações anteriores em coisas que não podia, mas isso representa um abuso de confiança, não uma maldade de uma geração em concreto.
Mas o desinteresse pelo assunto é tal no nosso país que mesmo durante a vida activa, e sabendo os governos que há gente que trabalha e ganha uma certa quantia e desconta de uma quantia mais baixa, comprometendo deste modo o valor da sua reforma futura, nada faz para colocar as coisas no seu devido lugar, pois na hora da reforma o Estado procede como muito boa gente fala dos salários: tal trabalhito, tal dinheirito, “lava as mãos” e tudo corre sobre as rodas da indiferença. Este tipo de demissionismo não tem o correctivo devido nos momentos apropriados, pois os reformados e inválidos de tão socialmente frágeis que ficam e estão, são campo fértil para a demagogia eleiçoeira que de tempos a tempos nos vendem como o exemplo máximo, e às vezes único, de vida em paz democrática. E se é certo que a maior das conquistas do 25 de Abril foi a implantação da Democracia, que nos coloca não mãos os fundamentos da legitimidade dos que governam em nosso nome, esta exige que se olhem para todos os portugueses como tal, como Cidadãos, como se o País fosse uma cobertura onde se abrigam todos em situação de calor ou de aguaceiros. Mas….
Todavia, outra forma de pobreza vem ganhando firmemente o seu lugar na sociedade actual, com uma dimensão e efeitos sociais perversos a todos os títulos, pois já não é a ideia de abandono ou exclusão que está associado a esta forma de pobreza, como será no primeiro exemplo; nem a noção de exploração, como no segundo; nem a de injustiça como no caso dos reformados e inválidos, mas a afirmação, quer dizer, não é passível de outras interpretações, de que se trata de um ROUBO passiva e geralmente aceite: o desemprego. É que pela falta de um emprego, o cidadão sujeito a este drama, sofre um múltiplo trauma, pois não tem sequer direito a saber se vale ou não vale profissionalmente; não pode ter de si e por si a auto-estima que merece; não tem direito a pensar no dia de amanhã e em tudo o que está associado a esse direito humano; é visto por muitos como um peso social e não como uma vítima da sociedade em que nasceu; sente-se, nem que muitas vezes isso não corresponda à realidade, como alguém que não é ninguém, como um fardo para família; como alguém que não tem direito à opinião nem à cidadania, porque crê que tudo o que possa ou lhe apeteça dizer será sempre visto à luz da sua situação concreta e fruto da revolta interior que o assola; é, enfim, alguém que não tem direito a existir, de ser ele mesmo, que é o mais elementar Direito Humano, pois o direito à Liberdade, ao Respeito, à sua Ética, à Cidadania, às suas escolhas pessoais, a uma filiação qualquer, todos esses direitos, enfim, submergem do direito a existir como pessoa.
Vivemos no tempo das desculpas, quero dizer: no tempo em que melhor vive consigo mesmo aquele que sabe arranjar sempre uma desculpa apropriada a cada situação concreta, e parece que quanto mais auditores tiver essa desculpa mais eficaz se torna, mais descanso deixa aos resquícios de consciência que possa haver na mente do desculpante, porque todos sabemos, no quadro das nossas perspectivas e expectativas, que as sociedades somos nós, e se a nossa sociedade é injusta e exclusiva, é porque nós somos exactamente isso, injustos e exclusivistas nas nossa crenças, nas nossas atitudes, nos nossos valores, no nosso egoísmo. E o que fica dito, mesmo que muitas vezes não o aceitemos, tem origem em duas ou três coisas a que damos pouca importância: a indiferença crónica, a uma falsa superioridade moral e social que tem origem no preconceito, e ao facto de nunca nos colocarmos no lugar daqueles que desprezamos, censuramos ou criticamos, sob o efeito dessa nossa aparente superioridade. E isto revela uma realidade indesmentível: nem mesmo a brincar, ou numa situação de faz- de- conta, somos capazes de nos vermos na situação dos que estão em má condição; mas achamos que temos todas as soluções possíveis para esses problemas, de A a Z, quem não tem?
O trabalho é sempre visto pelo valor económico que tem e poucas ou nenhumas vezes pelo seu valor social, por isso, quando abordo o problema em pobreza gosto de o fazer sempre na perspectiva dos Direitos Humanos, e o direito ao trabalho e a uma remuneração social e economicamente aceitável faz parte dessa minha visão da pobreza, nas suas diferentes causas e consequências. Porque este assunto é um assunto dos Homens/Mulheres deste mundo, e neste mundo vivem Homens/Mulheres que têm Direitos consagrados nas profundezas da Revolução Francesa; portanto, há demasiado tempo para não serem um facto do dia-a-dia das Nações, em especial da nossa Nação, que é mais do que um pequeno País. E se digo que a nação é mais importante que o País é porque isso significa que o País, o seu território, está mal repartido, enquanto o Património da Nação, que é muito mais que uns terrenos, é partilhado por todos, é pertença de todos, é a nossa casa comum.
Mas a luta contra a pobreza por parte da sociedade é, se mal comparado, como a luta dos pais por aqueles filhos com tendência para comportamentos desviantes: uma luta constante, com perdas e ganhos, com vitórias e derrotas, com sustos, revoltas, vontade de deixar as coisas correrem o seu rumo, porém, nunca desistir. Porque a pobreza só serve para fazer mais pobres todos aqueles que não gostariam de o ser, mesmo que também sirva para que alguns se achem melhores que os realmente pobres, mas os que assim pensam têm uma pobreza desfocada, são miseráveis de espírito.

Pardilhó
José Luís Moreira dos Santos

A versão

A Versão I
A respeito da vida dos homens e das sociedades, da sua origem, das suas múltiplas dimensões, da sua história, etc., existe uma larga variedade de explicações, de entendimentos e projecções. Esse esforço humano para promover a compreensão do Mundo e do lugar que o Homem ocupa nele, estribado em teorias, ciências, doutrinas, escolas, correntes, etc., são a garantia universal de que para cada facto, acontecimento, acção ou sentimento existem muitas explicações possíveis, em função de motivações tão diferentes como contraditórias.
Dada a minha posição ideológica, que é uma das motivações particularmente importantes na avaliação e explicação de um dado fenómeno - e este termo, fenómeno, não foi escolhido ao acaso -, mas também por razões de ordem ética, que deve sempre ser uma das componentes da nossa marca ideológica e posição na vida de cada dia, tenho por princípio colocar-me frequente e metodicamente perante uma notícia, um livro, uma comunicação, uma teoria, uma doutrina, uma escola, uma corrente, Lei, etc., na posição de dúvida e de necessidade de intentar um aprofundamento dos seus contornos, origens, causas, consequências, motivações subjectivas e objectivas, eu sei lá!
Já por várias vezes aqui afirmei que sou um leitor assíduo e permanente da Bíblia, não porque procure nela algum estímulo ou uma inspiração, um caminho para a minha vida, uma vez que sou ateu e tenho outros meios de o fazer, nem sou capaz de fazer uma avaliação dogmática seja do que for, mas porque Nela reside uma explicação possível, e para muitos a única verdadeira, mesmo que em versões opostas, da origem da vida, da formação do primeiro Homem e da sua multiplicação, da fonte das crenças e dos valores do espírito, etc. Ou seja, pela leitura da Bíblia procuro estudar e compreender uma versão disponível e historicamente importante para o entendimento de como se formou e organiza o Mundo dos Homens e alguns dos passos necessários para a sua sustentação. Interesso-me por esta componente do conhecimento e comportamento humano como por muitas outras áreas do saber. Sou apenas um indivíduo com a consciência - com a ciência –, com capacidade para perceber que sabe muito pouco e que gostaria de saber um pouco mais sobre tudo o que o rodeia, nada de especial, portanto.
É também por ser assim que da mesma forma estudo apaixonadamente os primeiros filósofos Gregos, Minóicos, Jónios, Caldeus, etc., os vulgarmente chamados de pré-Socráticos, que quiseram compreender o mundo desconhecido que os cercava com recurso ao uso da observação, da anotação e da compreensão racional, uso da razão!, em oposição ao mito que tudo dominava, e da formulação de teorias completamente novas que possibilitaram o aparecimento da ciência como hoje a conhecemos: observação, experimentação, comparação, verificação e consequências ou resultados. O Trabalho destes pioneiros teve como consequência o surgimento de outros pensadores e outras tantas teorias, outras versões para explicar o mundo e o seu modo de funcionar, bem como o que é o Homem e qual o seu lugar nesse Mundo, pois com a evolução da compreensão deste, do Mundo, também dava lugar a alterações da posição do Homem nele. Atrevo-me a dizer que foi nessa altura que teve início um fenómeno que demorou mais de dois mil anos a compreender: a partilha dialógica dos avanços, quer dizer, um diálogo onde todos são ouvidos e disso todos podem beneficiar.
Com Pitágoras o Homem é a medida de todas as coisas, com Sócrates, o verdadeiro, o autêntico, que acha que o Homem se deve conhecer a si mesmo; com Platão que defende que o Homem que não conhece é um homem menor, longe de atingir a dimensão de Ser, alguém que não pode participar nas acções da formação de uma sociedade á medida desse Ser; alguém que vive, como se podia dizer hoje, sob o efeito de uma alienação profunda, numa caverna onde não penetra a luz do conhecimento; com Aristóteles surge outra versão para a vida do Homem em sociedade, a necessidade de uma ética, de uma moral, da procura de um saber diversificado. (Para mim o saber profundo e distinto de Aristóteles só é comparável ao de Leonardo da Vinci, a um milénio de distância). Mas para sustento da versão que estou a congeminar, não me posso esquecer da importância dos Jónios, dos Eleatas, de Empedócles, dos Médicos, dos Atomistas, dos Sofistas, dos Humanistas Fundadores, dos Estóicos, dos Epicuristas, dos Cépticos, dos Probabilistas, dos Dogmáticos, dos Helenistas em geral, pois é com todas estas novas versões do que é o Mundo e o Homem, que se avança rumo á primazia da Humanidade sobre outras entidades distantes e desconhecidas, uma luta de vida e de morte contra o mito e o preconceito, visto que a razão passa a ser dominante sobre todas as coisas, divinas e humanas. Mesmo tendo em conta que cada uma destas correntes filosóficas privilegiassem aspectos particulares, mas numa visão, numa dimensão de pluralidade consistente e dinâmica.
Com o que afirmei atrás, quero concluir que o Novo Testamento surgiu por razões de aproveitar da Mensagem Nova protagonizada por Jesus de Nazaré, e que essa Mensagem tinha por detrás, sustentava-se numa compreensão do Mundo e do Homem que pouco ou nada tinha que ver com os ensinamentos propostos no Velho Testamento, mas, sim, pelas novas coordenadas de entendimento propostas pelas teorias e doutrinas filosóficas pagãs. É esta minha versão limitativa do valor doutrinal da Bíblia? Sim e não ou antes pelo contrário, direi eu! Senão como se explicaria a importância para a religião católica de um Sto Agostinho, Sto Anselmo, São Tomás de Aquino, para referir apenas os mais significativos? Que manancial filosófico usam estes doutores da Igreja para explicar e sacralizar conceitos e comportamentos de natureza religiosa, cristã? E onde se coloca Plotino nesta transição? E a humildade moral perante as exigências do conhecimento?
Mas não é apenas no âmbito da religião que existem versões distintas, é assim em todas as áreas da vida, e também estas se sustentam em largos espectros de conhecimento, ciências criadas para responder a cada necessidade e dimensão do Homem e da Sociedade, que alargam as hipóteses de interpretação, avaliação e compreensão dos fenómenos que nos envolvem. E por fenómeno quero dizer concordar com a corrente filosófica da fenomenologia: num primeiro momento, nunca estamos diante de uma verdade (uma realidade de e para o pensamento), uma realidade (objecto da ciência), só quando sujeitamos essa realidade ao crivo da análise profunda, ao estudo comparativo, a uma desmontagem do que temos e remontamos as suas contradições e observamos os seus contornos, podemos verificar que ficamos mais perto da realidade como tal, e mais longe do que tínhamos inicialmente: um fenómeno, uma pequena parte, e às vezes pouco sustentável, da realidade que procuramos. É, se mal comparado, uma outra versão da dúvida metódica Cartesiana. E pela mão da dúvida, somos muitas vezes levados a verificar, que sobre um mesmo assunto há muitas e às vezes contraditórias versões. Por que será? Acredito que a primeira de todas as razões, tanto do ponto de vista objectivo como subjectivo, é que a verdade não se ensina, é um processo de descoberta, de procura, de confronto aberto, de insatisfação racional e intelectual. Continua.
José Luís Moreira dos Santos
Pardilhó, 9 de Fevereiro 2010


A versão II
Terminei o artigo anterior sobre o mesmo título e assunto, afirmando que a razão das razões de haver SEMPRE uma versão para cada fenómeno, para cada caso, para cada acontecimento, etc., era o facto demonstrável de haver conhecimentos, ciências, teses, doutrinas, correntes de pensamento, religiões, eu sei lá que mais, que têm argumentário próprio ou rebuscado que lhes permite construir uma explicação possível para os problemas que se lhes e nos colocam. Mas também afirmei, que a verdade não se ensina, mesmo a experimentada, por ser algo cujo significado só serve de e para o pensamento. Agora, para os poucos de vocês, caros leitores do jornal de Estarreja, que têm paciência para me aturar, ou estão desejosos de ver em que acaba toda esta filosofia barata, vamos reflectir em voz alta, em directo e sem rede, como me está a apetecer fazer!
Foi no âmbito do percurso sedento de sangue e de morte, que Jesus de Nazaré foi levado junto de Caio Pôncio Pilatos, por vontade do Sinédrio, grupo de poder e pressão representativo dos bem nascidos do tempo e do lugar, para que este, Pilatos, na qualidade de Procurador Romano da Judeia, o julgasse do crime de blasfema, que eu sou tentado a classificar de prática de impertinência e desobediência civil. Mas….
Durante este célebre e horripilante encontro, entre a força da lei imposta e a franqueza da resistência frontal e serena; lei que feita de conivências e falsidades servia posições e interesses (como todas as leis), para além de outros ditos, há uma afirmação de Jesus de Nazaré que deixou Pilatos atónito e precavido, que é exactamente quando Jesus de Nazaré, um pregador de causas e de perspectivas, lhe afirma: nasci e vim ao mundo para dar testemunho da Verdade. Quer dizer, da Verdade Jesus de Nazaré só podia testemunhar, mesmo sentindo-se como fazendo parte dela, porque a verdade é de cada um, não se ensina, procura-se, conquista-se. O que é a Verdade?, perguntou Pilatos a Jesus de Nazaré. E, perante tal pergunta, ao silêncio se remeteu quem não sabe nem quer mentir, deixando lugar à procura incessante e firme da melhor resposta. Mas na vida real dos dias, a verdade, em letra pequena, a explicação e enquadramento dos fenómenos, no quadro preciso das suas envolventes e circunstâncias, é o presente que só tem quem merece. É possível que isto se possa ou deva apresentar de outra maneira, mas, eu, francamente, não sou capaz.
Mas para que serve de qualquer modo o conhecimento da verdade, perguntará alguém? Para companhia, para estribo, alicerce, fundamento, raiz, eu sei lá!, da vida de cada homem, da vida de todos os homens, da sociedade desses homens. É que a Verdade é como a Felicidade, pode não se ter toda, mas é importante que se tente alcança-la. E como? Procurando, espiolhando, lutando, conquistando, trabalhando, optando, etc., pois, em qualquer dos casos, ninguém a pode dar, ensinar, oferecer. Como ninguém é feliz sozinho, e tendo sido com Vinícius de Moraes que o aprendi, não tenho dúvidas, também são precisas muitas vontades e esforços para se descobrir a Verdade, ou alguma parte dela. Complicado? Pensem bem!
Ora, se a verdade é uma descoberta, então essa descoberta, se for solitária, só o é para esse ser solitário mesmo; se for conseguida em esforço de grupo, só para esse grupo serve, etc. Ou seja, a verdade é distinta entre os homens, é para mim, é diferente para o outro, é dissemelhante para outros, etc., por isso pode-se tentar transmitir, mas nunca se chega a ensinar, porque em mim muito pode ser diferente que em outro alguém. E isto tem muitas razões de ser, pois são muitas as alavancas que nos fazem mover, muitos os caminhos que nos levam a um certo destino e não a outro, o que dá lugar a uma coisa sagrada nas nossas vidas: as escolhas. E eu sou tentado a pensar que a primeira de todas as escolhas de cada um dos Homens/Mulheres é a sua ética. Pois começando a organizar-se de forma descomprometida e sorrateira, não sei se sob a forma de exigência ou como expediente da consciência, a ética de cada um vai tomando forma pela construção sistemática dos seus valores, dos seus limites, dos seus pontos fortes e fracos, tendo em linha de conta as fontes, as circunstâncias, as vivências, os ensinamentos, etc. Ao mesmo tempo, e de forma bem mais visível e sob influências mais claras e marcantes, se vai formando o quadro comportamental, a moral, que se faz por associação e imitação dos comportamentos mais gerais e dominantes, e a formação do carácter, que é a parte mais exterior do eu que vê, que quer, que pensa, que luta, que crê, etc. Não nos é difícil reconhecer em cada um dos nossos amigos, irmãos, vizinhos, filhos, etc, uma particularidade do seu carácter, uma característica, para lembrar o Prof. Agostinho da Silva, que o torna diferente, e diferente não quer dizer melhor ou pior, porque isso consubstanciava uma valoração.
Chegados aqui, cada um e toda a gente, está preparado a traçar o seu caminho, a fazer as suas escolhas de acordo com o seu formato mental, cultural, social, cientifico, espiritual, etc., de modo a dar um sentido à sua vida, à nossa vida, e demasiadas vezes a interferir de forma decisiva nas escolhas para a vida dos outros. E aqui a que bate o ponto! Pois quando uma determinada teoria, doutrina, ciência, o que se quiser, nos diz: o homem é aquilo que faz, está a dogmatizar uma meia verdade, quero dizer, uma verdade sua, para si! Mas se outra vem e diz: o homem é aquilo que pensa, está a cometer o mesmo erro e influência! E se por outro lado, outra houver que afirme: o homem é aquilo que diz, então se repete tudo! E não tem interesse repetir outros tantos exemplos de outras tantas hipóteses. Porém, há-de haver uma ou até várias razões para que assim seja, pois nunca nenhuma teoria, doutrina, ciência, etc., foi mais longe do que a própria realidade, que a verdade que podemos alcançar, conhecer, vislumbrar. Mas isso, segundo o meu próprio raciocínio, deve-se ao facto de um só e cada homem ter uma multiplicidade de dimensões, muitas essências, vastos sentimentos e emoções, faculdades, valores imensos e profusos, enfim: cada homem ser um mundo complexo e sempre aberto a surpresas e superações. E tem pés, muitas vezes de barro de má qualidade, cabeça de palha seca e corpo de fraco feno. Creio mesmo que é por isso que somos, nós os homens, dominados por três emoções essenciais: a sensação de pertença, pois todos queremos pertencer ou achamos que devemos pertencer a alguma parte, grupo, classe profissional ou social, etc.; a sensação de utilidade, pois achamos que somos úteis a algo ou a alguém; a sensação de que temos ou transportamos um valor, ou que nos revemos em algum valor ou valores de outros. E, mesmo que assim não pareça, é aqui que a porca torce o rabo da aceitação sem luta de uma verdade universal. E é bem feito! Continua.
Pardilhó, 19 de Fevereiro
José Luís Moreira dos Santos

A versão III, conclusão.

Nos artigos anteriores com este título, a versão, tenho dedicado o meu esforço a defender a tese de que para cada assunto, é possível arranjar diferentes versões, modos diferentes de o entender e explicar, por razões que tem que ver com a disponibilidade de conhecimentos. Mas também dei a entender, ou pelo menos tentei faze-lo, que esses conhecimentos disponíveis são um grande auxiliar de vontades predeterminadas e de interesses bem entranhados no corpo e na mente daqueles que usam esses conhecimentos. Isto quer dizer que muitas vezes, diria, demasiadas vezes, o que nos parece uma explicação correcta e legitima de um dado fenómeno, acontecimento, etc., se esconde por detrás de razões que a razão, quer dizer o nosso entendimento limpo, desconhece.
Vamos então complicar um pouco mais este raciocínio! O Homem não é um Ser que se determina apenas em função de recursos materiais, mas também em razão de valores, bem sabemos; todavia, é pouco provável verificar uma linha divisória clara e perceptível entre estas motivações, ainda que ela exista e seja muito marcante ao nível dos efeitos perversos que tem na sociedade em geral. Porquê? Porque quem conhece as causas e os efeitos de uma escolha, também procura saber, e por norma sabe, usar os meios para contornar, para desviar, para camuflar, etc., aquilo dela que menos lhe agrada ou que até lhe desagrada. Aqui surge um problema para alguns e uma vantagem para outros: a reserva de dignidade, ou seja, a consciência ética, o desempenho moral e a firmeza de carácter de cada qual. Aos sem reserva de dignidade tudo é permitido, pois a consciência ética, a moral, o carácter não são para eles mais que empecilhos; para os que conduzem as suas acções em razão de uma obediência rigorosa a esses valores, os obstáculos são muitos e inultrapassáveis. Há os que são ricos em bens e em valores, há os que são pobres em bens e em valores, e os que são pobres em bens e ricos em valores e os que são pobres em valores e ricos em bens. Mas nem todos estes se determinam segundo o mesmo padrão geral de valores e de interesses. Pois aqui joga-se um jogo muito complexo nas suas zonas escuras; pouco tem que ver com o berço, quase tudo tem que ver com a formação de cada um. E a formação dá-se, recebe-se, troca-se, alimenta-se, combina-se, etc., mas acho que nunca se herda pura e simplesmente.
Costumo atribuir um papel importante nas escolhas à contingência formal e à contingência informal, mas apenas na medida em que aceito por contingência formal uma certa viciação propositada, consciente de forma a moldar um quadro propício ao golpe. E por contingência informal o fruto do acaso, o imponderável. O que quero dizer? Que quase sempre, o que nos é proposto como contingente mais não é que uma opção instigada, propositada, viciada. E quem melhor dominar os dados da ciência, da teoria, da doutrina, etc., melhor prepara as aparências, melhor domina essas aparências e melhores resultados retira delas, das aparências, das ilusões que projecta nos outros. É por isso, mas mesmo muitíssimo por isso, que todos nós queremos que os nossos filhos tenham acesso à instrução, aos conhecimentos científicos pela via de uma formação superior, pois dessa forma pensamos obter uma de três situações possíveis: que ficam preparados para não se deixarem enganar; que no pior dos casos podem ser eles a poderem enganar e não a serem enganados, o que sempre causa náuseas de humilhação; que se encontram preparados nem para enganar nem para serem enganados, e neste caso achamos por bem empregue algum sacrifício que possa ter sido necessário fazer para a sua formação ter êxito. Quando assim é, achamos que ficam com a enxada encabada, como diria o meu amigo Manuel Murça Abrantes; prontos para o que der e vier. Se calhar estou atrasado neste raciocínio, talvez já tivesse sido assim….mas…
De qualquer modo, como vivemos um tempo em que o verbo Ter e o verbo Ser se conjugam quase em oposição de significados, é bom que os nossos filhos estejam preparados para conhecer o significado etimológico desses verbos, e procurar conjugá-los na primeira pessoa do plural do presente do indicativo. Desta forma, podem não ficar mais próximos da Verdade de que falei atrás, mas sei que ficam mais perto da verdade que é caminho para um encontro promissor: a conquista da integridade plena. E isto consegue-se não pela via única de uma teoria, doutrina, ciência, etc., mas com o recurso não sincrético a várias dessas teorias, doutrinas, correntes, ciências, etc., porque nenhuma, por si só, tem resposta para toda a multiplicidade de necessidades, valores, sentimentos, sentidos, dimensões, etc., que se reúne num só ser: o Ser Humano. Pode não ser suficiente, mas é um bom ponto de partida. Desde de que os olhos se mantenham abertos e o espírito crítico, quer dizer, a disponibilidade para a análise objectiva dos factos, meios usados, intenções visíveis e escondidas, etc., pronto para cumprir com o seu dever. Donde podemos tirar esta conclusão? Ah, ah, ah, ah, ah.
P.S. Resolvi escrever estes três artigos com o título “A Versão”, depois de assistir pelo “Canal Parlamento” a alguns interrogatórios da Comissão de Ética, da A.R., sobre o caso PT/TVI, e depois de me ter identificado com os casos de abuso sexual e pedófilo no seio da Igreja. É isto que explica muitas das referências que faço no âmbito do pensamento. Por isso, não se admirem de, eu, depois desta reflexão, ter ficado muito consciente de que a verdade não se impõe, impõe-se, e que a mentira não dura, apenas perdura. E para tanto, para que a verdade seja imposta, precisa dos recursos de um qualquer poder, político, religioso, financeiro, cultural, militar, etc., o mesmo acontecendo com relação à mentira, que só estribada nesses mesmos poderes tem eficácia. É por isso que verdade e mentira caminham ombro a ombro pelas largas avenidas da história, pelas ruas das nossas sociedades e pelas vielas da nossa existência, como o provou o filósofo Pedro Abelardo, em plena Idade Média, quando sentenciou que a verdade é antes de tudo uma conquista. E pagou por isso um alto preço. E pior que tudo, pode o seu exemplo, para além de tantos outros, significar que de há centenas e centenas de anos a humanidade se resignou a uma só escolha, a escolher entre a merda e a bosta. Mas pode ser que não!
José Luís Moreira dos Santos
Pardilhó

sábado, 20 de fevereiro de 2010

A sombra de um homem ou de uma imagem?

A sombra de um homem ou de uma imagem?
Tendo em conta a quantidade de informação que tem vindo a público acerca das actividades, intenções, congeminações, etc., do primeiro-ministro de Portugal, José Sócrates, um qualquer cidadão estrangeiro que chegue a este País e tenha a curiosidade de consultar ou ouvir a nossa imprensa, só poderia concluir que tinha chegado a um País com um gang por governo. É que só alguém dominado por um espírito de gang poderia dar-se ao trabalho de arquitectar tantas e tão diversas formas de maquiavelismo político, e o secretário-geral do P.S. e primeiro-ministro em exercício, segundo a informação disponível, surge como o chefe do gang, um malabarista refinado, um relapso mentiroso, um falsário destemido e um carácter volátil e pouco confiável. Tanto?
Mas esse qualquer cidadão estrangeiro que refiro, se tivesse tempo e interesse para escalpelizar o rol informativo disponível, iria, forçosamente, querer saber quem são uns certos indivíduos que fazem declarações à imprensa em defesa da inocência, da verticalidade, honra e do bom nome de José Sócrates, bem como quem são os que o atacam frontal e despudoradamente, e, depois de bem informados a respeito, logo seria levado a uma de três conclusões possíveis:
a) Que o que se conhece é muito pouco em relação ao que se poderá vir a saber, acerca do que está actual e do que já foi arquivado na memória popular, pois parece haver um certo espírito de gang na forma de defesa do primeiro-ministro, onde se misturam conceitos como legal, legitimo, politico, pessoal, partidário, etc., como forma de dissolver tudo numa mistura irrelevante e pueril, e outro tanto relativamente aos que o querem crucificar antes do tempo da conveniente explicitação dos factos, de acordo com os meios jurídicos e políticos ao dispor.
b) Que há uma explosiva mistura de interesses e meios arbitrariamente envolvidos em manigâncias de todo o tipo e sob o manto de uma legitimidade política insuspeita, visto estar estribada em resultados eleitorais destinados à composição do parlamento.
O facto de só alguns abordarem este assunto de forma desbragada, enquanto outros se esfalfam por dizer a palavra mais oca e desvalida a propósito, faz parte de um trajecto político de sobrevivência, que esse referido cidadão estrangeiro não está obrigado a conhecer, pois não está subordinado a nenhuma ética ou a qualquer ideologia específicas. Portanto….
c) Que neste país mora um povo que ……., de vez em quando vota, pelo menos pouco mais de metade dele. Por isso, é uma democracia, faz parte do rol delas! Enquanto isto, os oráculos do país, uns senhores que escrevem e falam para explicar ao povo em geral o que quer dizer cada uma das palavras ou actos dos envolvidos, estão sob o efeito da maresia: sempre leves e frescos, sempre envoltos, sempre prontos, sempre apetecíveis. Como os ……
José Luís Moreira dos Santos
Pardilhó - Estarreja