segunda-feira, 29 de março de 2010

A versão

A Versão I
A respeito da vida dos homens e das sociedades, da sua origem, das suas múltiplas dimensões, da sua história, etc., existe uma larga variedade de explicações, de entendimentos e projecções. Esse esforço humano para promover a compreensão do Mundo e do lugar que o Homem ocupa nele, estribado em teorias, ciências, doutrinas, escolas, correntes, etc., são a garantia universal de que para cada facto, acontecimento, acção ou sentimento existem muitas explicações possíveis, em função de motivações tão diferentes como contraditórias.
Dada a minha posição ideológica, que é uma das motivações particularmente importantes na avaliação e explicação de um dado fenómeno - e este termo, fenómeno, não foi escolhido ao acaso -, mas também por razões de ordem ética, que deve sempre ser uma das componentes da nossa marca ideológica e posição na vida de cada dia, tenho por princípio colocar-me frequente e metodicamente perante uma notícia, um livro, uma comunicação, uma teoria, uma doutrina, uma escola, uma corrente, Lei, etc., na posição de dúvida e de necessidade de intentar um aprofundamento dos seus contornos, origens, causas, consequências, motivações subjectivas e objectivas, eu sei lá!
Já por várias vezes aqui afirmei que sou um leitor assíduo e permanente da Bíblia, não porque procure nela algum estímulo ou uma inspiração, um caminho para a minha vida, uma vez que sou ateu e tenho outros meios de o fazer, nem sou capaz de fazer uma avaliação dogmática seja do que for, mas porque Nela reside uma explicação possível, e para muitos a única verdadeira, mesmo que em versões opostas, da origem da vida, da formação do primeiro Homem e da sua multiplicação, da fonte das crenças e dos valores do espírito, etc. Ou seja, pela leitura da Bíblia procuro estudar e compreender uma versão disponível e historicamente importante para o entendimento de como se formou e organiza o Mundo dos Homens e alguns dos passos necessários para a sua sustentação. Interesso-me por esta componente do conhecimento e comportamento humano como por muitas outras áreas do saber. Sou apenas um indivíduo com a consciência - com a ciência –, com capacidade para perceber que sabe muito pouco e que gostaria de saber um pouco mais sobre tudo o que o rodeia, nada de especial, portanto.
É também por ser assim que da mesma forma estudo apaixonadamente os primeiros filósofos Gregos, Minóicos, Jónios, Caldeus, etc., os vulgarmente chamados de pré-Socráticos, que quiseram compreender o mundo desconhecido que os cercava com recurso ao uso da observação, da anotação e da compreensão racional, uso da razão!, em oposição ao mito que tudo dominava, e da formulação de teorias completamente novas que possibilitaram o aparecimento da ciência como hoje a conhecemos: observação, experimentação, comparação, verificação e consequências ou resultados. O Trabalho destes pioneiros teve como consequência o surgimento de outros pensadores e outras tantas teorias, outras versões para explicar o mundo e o seu modo de funcionar, bem como o que é o Homem e qual o seu lugar nesse Mundo, pois com a evolução da compreensão deste, do Mundo, também dava lugar a alterações da posição do Homem nele. Atrevo-me a dizer que foi nessa altura que teve início um fenómeno que demorou mais de dois mil anos a compreender: a partilha dialógica dos avanços, quer dizer, um diálogo onde todos são ouvidos e disso todos podem beneficiar.
Com Pitágoras o Homem é a medida de todas as coisas, com Sócrates, o verdadeiro, o autêntico, que acha que o Homem se deve conhecer a si mesmo; com Platão que defende que o Homem que não conhece é um homem menor, longe de atingir a dimensão de Ser, alguém que não pode participar nas acções da formação de uma sociedade á medida desse Ser; alguém que vive, como se podia dizer hoje, sob o efeito de uma alienação profunda, numa caverna onde não penetra a luz do conhecimento; com Aristóteles surge outra versão para a vida do Homem em sociedade, a necessidade de uma ética, de uma moral, da procura de um saber diversificado. (Para mim o saber profundo e distinto de Aristóteles só é comparável ao de Leonardo da Vinci, a um milénio de distância). Mas para sustento da versão que estou a congeminar, não me posso esquecer da importância dos Jónios, dos Eleatas, de Empedócles, dos Médicos, dos Atomistas, dos Sofistas, dos Humanistas Fundadores, dos Estóicos, dos Epicuristas, dos Cépticos, dos Probabilistas, dos Dogmáticos, dos Helenistas em geral, pois é com todas estas novas versões do que é o Mundo e o Homem, que se avança rumo á primazia da Humanidade sobre outras entidades distantes e desconhecidas, uma luta de vida e de morte contra o mito e o preconceito, visto que a razão passa a ser dominante sobre todas as coisas, divinas e humanas. Mesmo tendo em conta que cada uma destas correntes filosóficas privilegiassem aspectos particulares, mas numa visão, numa dimensão de pluralidade consistente e dinâmica.
Com o que afirmei atrás, quero concluir que o Novo Testamento surgiu por razões de aproveitar da Mensagem Nova protagonizada por Jesus de Nazaré, e que essa Mensagem tinha por detrás, sustentava-se numa compreensão do Mundo e do Homem que pouco ou nada tinha que ver com os ensinamentos propostos no Velho Testamento, mas, sim, pelas novas coordenadas de entendimento propostas pelas teorias e doutrinas filosóficas pagãs. É esta minha versão limitativa do valor doutrinal da Bíblia? Sim e não ou antes pelo contrário, direi eu! Senão como se explicaria a importância para a religião católica de um Sto Agostinho, Sto Anselmo, São Tomás de Aquino, para referir apenas os mais significativos? Que manancial filosófico usam estes doutores da Igreja para explicar e sacralizar conceitos e comportamentos de natureza religiosa, cristã? E onde se coloca Plotino nesta transição? E a humildade moral perante as exigências do conhecimento?
Mas não é apenas no âmbito da religião que existem versões distintas, é assim em todas as áreas da vida, e também estas se sustentam em largos espectros de conhecimento, ciências criadas para responder a cada necessidade e dimensão do Homem e da Sociedade, que alargam as hipóteses de interpretação, avaliação e compreensão dos fenómenos que nos envolvem. E por fenómeno quero dizer concordar com a corrente filosófica da fenomenologia: num primeiro momento, nunca estamos diante de uma verdade (uma realidade de e para o pensamento), uma realidade (objecto da ciência), só quando sujeitamos essa realidade ao crivo da análise profunda, ao estudo comparativo, a uma desmontagem do que temos e remontamos as suas contradições e observamos os seus contornos, podemos verificar que ficamos mais perto da realidade como tal, e mais longe do que tínhamos inicialmente: um fenómeno, uma pequena parte, e às vezes pouco sustentável, da realidade que procuramos. É, se mal comparado, uma outra versão da dúvida metódica Cartesiana. E pela mão da dúvida, somos muitas vezes levados a verificar, que sobre um mesmo assunto há muitas e às vezes contraditórias versões. Por que será? Acredito que a primeira de todas as razões, tanto do ponto de vista objectivo como subjectivo, é que a verdade não se ensina, é um processo de descoberta, de procura, de confronto aberto, de insatisfação racional e intelectual. Continua.
José Luís Moreira dos Santos
Pardilhó, 9 de Fevereiro 2010


A versão II
Terminei o artigo anterior sobre o mesmo título e assunto, afirmando que a razão das razões de haver SEMPRE uma versão para cada fenómeno, para cada caso, para cada acontecimento, etc., era o facto demonstrável de haver conhecimentos, ciências, teses, doutrinas, correntes de pensamento, religiões, eu sei lá que mais, que têm argumentário próprio ou rebuscado que lhes permite construir uma explicação possível para os problemas que se lhes e nos colocam. Mas também afirmei, que a verdade não se ensina, mesmo a experimentada, por ser algo cujo significado só serve de e para o pensamento. Agora, para os poucos de vocês, caros leitores do jornal de Estarreja, que têm paciência para me aturar, ou estão desejosos de ver em que acaba toda esta filosofia barata, vamos reflectir em voz alta, em directo e sem rede, como me está a apetecer fazer!
Foi no âmbito do percurso sedento de sangue e de morte, que Jesus de Nazaré foi levado junto de Caio Pôncio Pilatos, por vontade do Sinédrio, grupo de poder e pressão representativo dos bem nascidos do tempo e do lugar, para que este, Pilatos, na qualidade de Procurador Romano da Judeia, o julgasse do crime de blasfema, que eu sou tentado a classificar de prática de impertinência e desobediência civil. Mas….
Durante este célebre e horripilante encontro, entre a força da lei imposta e a franqueza da resistência frontal e serena; lei que feita de conivências e falsidades servia posições e interesses (como todas as leis), para além de outros ditos, há uma afirmação de Jesus de Nazaré que deixou Pilatos atónito e precavido, que é exactamente quando Jesus de Nazaré, um pregador de causas e de perspectivas, lhe afirma: nasci e vim ao mundo para dar testemunho da Verdade. Quer dizer, da Verdade Jesus de Nazaré só podia testemunhar, mesmo sentindo-se como fazendo parte dela, porque a verdade é de cada um, não se ensina, procura-se, conquista-se. O que é a Verdade?, perguntou Pilatos a Jesus de Nazaré. E, perante tal pergunta, ao silêncio se remeteu quem não sabe nem quer mentir, deixando lugar à procura incessante e firme da melhor resposta. Mas na vida real dos dias, a verdade, em letra pequena, a explicação e enquadramento dos fenómenos, no quadro preciso das suas envolventes e circunstâncias, é o presente que só tem quem merece. É possível que isto se possa ou deva apresentar de outra maneira, mas, eu, francamente, não sou capaz.
Mas para que serve de qualquer modo o conhecimento da verdade, perguntará alguém? Para companhia, para estribo, alicerce, fundamento, raiz, eu sei lá!, da vida de cada homem, da vida de todos os homens, da sociedade desses homens. É que a Verdade é como a Felicidade, pode não se ter toda, mas é importante que se tente alcança-la. E como? Procurando, espiolhando, lutando, conquistando, trabalhando, optando, etc., pois, em qualquer dos casos, ninguém a pode dar, ensinar, oferecer. Como ninguém é feliz sozinho, e tendo sido com Vinícius de Moraes que o aprendi, não tenho dúvidas, também são precisas muitas vontades e esforços para se descobrir a Verdade, ou alguma parte dela. Complicado? Pensem bem!
Ora, se a verdade é uma descoberta, então essa descoberta, se for solitária, só o é para esse ser solitário mesmo; se for conseguida em esforço de grupo, só para esse grupo serve, etc. Ou seja, a verdade é distinta entre os homens, é para mim, é diferente para o outro, é dissemelhante para outros, etc., por isso pode-se tentar transmitir, mas nunca se chega a ensinar, porque em mim muito pode ser diferente que em outro alguém. E isto tem muitas razões de ser, pois são muitas as alavancas que nos fazem mover, muitos os caminhos que nos levam a um certo destino e não a outro, o que dá lugar a uma coisa sagrada nas nossas vidas: as escolhas. E eu sou tentado a pensar que a primeira de todas as escolhas de cada um dos Homens/Mulheres é a sua ética. Pois começando a organizar-se de forma descomprometida e sorrateira, não sei se sob a forma de exigência ou como expediente da consciência, a ética de cada um vai tomando forma pela construção sistemática dos seus valores, dos seus limites, dos seus pontos fortes e fracos, tendo em linha de conta as fontes, as circunstâncias, as vivências, os ensinamentos, etc. Ao mesmo tempo, e de forma bem mais visível e sob influências mais claras e marcantes, se vai formando o quadro comportamental, a moral, que se faz por associação e imitação dos comportamentos mais gerais e dominantes, e a formação do carácter, que é a parte mais exterior do eu que vê, que quer, que pensa, que luta, que crê, etc. Não nos é difícil reconhecer em cada um dos nossos amigos, irmãos, vizinhos, filhos, etc, uma particularidade do seu carácter, uma característica, para lembrar o Prof. Agostinho da Silva, que o torna diferente, e diferente não quer dizer melhor ou pior, porque isso consubstanciava uma valoração.
Chegados aqui, cada um e toda a gente, está preparado a traçar o seu caminho, a fazer as suas escolhas de acordo com o seu formato mental, cultural, social, cientifico, espiritual, etc., de modo a dar um sentido à sua vida, à nossa vida, e demasiadas vezes a interferir de forma decisiva nas escolhas para a vida dos outros. E aqui a que bate o ponto! Pois quando uma determinada teoria, doutrina, ciência, o que se quiser, nos diz: o homem é aquilo que faz, está a dogmatizar uma meia verdade, quero dizer, uma verdade sua, para si! Mas se outra vem e diz: o homem é aquilo que pensa, está a cometer o mesmo erro e influência! E se por outro lado, outra houver que afirme: o homem é aquilo que diz, então se repete tudo! E não tem interesse repetir outros tantos exemplos de outras tantas hipóteses. Porém, há-de haver uma ou até várias razões para que assim seja, pois nunca nenhuma teoria, doutrina, ciência, etc., foi mais longe do que a própria realidade, que a verdade que podemos alcançar, conhecer, vislumbrar. Mas isso, segundo o meu próprio raciocínio, deve-se ao facto de um só e cada homem ter uma multiplicidade de dimensões, muitas essências, vastos sentimentos e emoções, faculdades, valores imensos e profusos, enfim: cada homem ser um mundo complexo e sempre aberto a surpresas e superações. E tem pés, muitas vezes de barro de má qualidade, cabeça de palha seca e corpo de fraco feno. Creio mesmo que é por isso que somos, nós os homens, dominados por três emoções essenciais: a sensação de pertença, pois todos queremos pertencer ou achamos que devemos pertencer a alguma parte, grupo, classe profissional ou social, etc.; a sensação de utilidade, pois achamos que somos úteis a algo ou a alguém; a sensação de que temos ou transportamos um valor, ou que nos revemos em algum valor ou valores de outros. E, mesmo que assim não pareça, é aqui que a porca torce o rabo da aceitação sem luta de uma verdade universal. E é bem feito! Continua.
Pardilhó, 19 de Fevereiro
José Luís Moreira dos Santos

A versão III, conclusão.

Nos artigos anteriores com este título, a versão, tenho dedicado o meu esforço a defender a tese de que para cada assunto, é possível arranjar diferentes versões, modos diferentes de o entender e explicar, por razões que tem que ver com a disponibilidade de conhecimentos. Mas também dei a entender, ou pelo menos tentei faze-lo, que esses conhecimentos disponíveis são um grande auxiliar de vontades predeterminadas e de interesses bem entranhados no corpo e na mente daqueles que usam esses conhecimentos. Isto quer dizer que muitas vezes, diria, demasiadas vezes, o que nos parece uma explicação correcta e legitima de um dado fenómeno, acontecimento, etc., se esconde por detrás de razões que a razão, quer dizer o nosso entendimento limpo, desconhece.
Vamos então complicar um pouco mais este raciocínio! O Homem não é um Ser que se determina apenas em função de recursos materiais, mas também em razão de valores, bem sabemos; todavia, é pouco provável verificar uma linha divisória clara e perceptível entre estas motivações, ainda que ela exista e seja muito marcante ao nível dos efeitos perversos que tem na sociedade em geral. Porquê? Porque quem conhece as causas e os efeitos de uma escolha, também procura saber, e por norma sabe, usar os meios para contornar, para desviar, para camuflar, etc., aquilo dela que menos lhe agrada ou que até lhe desagrada. Aqui surge um problema para alguns e uma vantagem para outros: a reserva de dignidade, ou seja, a consciência ética, o desempenho moral e a firmeza de carácter de cada qual. Aos sem reserva de dignidade tudo é permitido, pois a consciência ética, a moral, o carácter não são para eles mais que empecilhos; para os que conduzem as suas acções em razão de uma obediência rigorosa a esses valores, os obstáculos são muitos e inultrapassáveis. Há os que são ricos em bens e em valores, há os que são pobres em bens e em valores, e os que são pobres em bens e ricos em valores e os que são pobres em valores e ricos em bens. Mas nem todos estes se determinam segundo o mesmo padrão geral de valores e de interesses. Pois aqui joga-se um jogo muito complexo nas suas zonas escuras; pouco tem que ver com o berço, quase tudo tem que ver com a formação de cada um. E a formação dá-se, recebe-se, troca-se, alimenta-se, combina-se, etc., mas acho que nunca se herda pura e simplesmente.
Costumo atribuir um papel importante nas escolhas à contingência formal e à contingência informal, mas apenas na medida em que aceito por contingência formal uma certa viciação propositada, consciente de forma a moldar um quadro propício ao golpe. E por contingência informal o fruto do acaso, o imponderável. O que quero dizer? Que quase sempre, o que nos é proposto como contingente mais não é que uma opção instigada, propositada, viciada. E quem melhor dominar os dados da ciência, da teoria, da doutrina, etc., melhor prepara as aparências, melhor domina essas aparências e melhores resultados retira delas, das aparências, das ilusões que projecta nos outros. É por isso, mas mesmo muitíssimo por isso, que todos nós queremos que os nossos filhos tenham acesso à instrução, aos conhecimentos científicos pela via de uma formação superior, pois dessa forma pensamos obter uma de três situações possíveis: que ficam preparados para não se deixarem enganar; que no pior dos casos podem ser eles a poderem enganar e não a serem enganados, o que sempre causa náuseas de humilhação; que se encontram preparados nem para enganar nem para serem enganados, e neste caso achamos por bem empregue algum sacrifício que possa ter sido necessário fazer para a sua formação ter êxito. Quando assim é, achamos que ficam com a enxada encabada, como diria o meu amigo Manuel Murça Abrantes; prontos para o que der e vier. Se calhar estou atrasado neste raciocínio, talvez já tivesse sido assim….mas…
De qualquer modo, como vivemos um tempo em que o verbo Ter e o verbo Ser se conjugam quase em oposição de significados, é bom que os nossos filhos estejam preparados para conhecer o significado etimológico desses verbos, e procurar conjugá-los na primeira pessoa do plural do presente do indicativo. Desta forma, podem não ficar mais próximos da Verdade de que falei atrás, mas sei que ficam mais perto da verdade que é caminho para um encontro promissor: a conquista da integridade plena. E isto consegue-se não pela via única de uma teoria, doutrina, ciência, etc., mas com o recurso não sincrético a várias dessas teorias, doutrinas, correntes, ciências, etc., porque nenhuma, por si só, tem resposta para toda a multiplicidade de necessidades, valores, sentimentos, sentidos, dimensões, etc., que se reúne num só ser: o Ser Humano. Pode não ser suficiente, mas é um bom ponto de partida. Desde de que os olhos se mantenham abertos e o espírito crítico, quer dizer, a disponibilidade para a análise objectiva dos factos, meios usados, intenções visíveis e escondidas, etc., pronto para cumprir com o seu dever. Donde podemos tirar esta conclusão? Ah, ah, ah, ah, ah.
P.S. Resolvi escrever estes três artigos com o título “A Versão”, depois de assistir pelo “Canal Parlamento” a alguns interrogatórios da Comissão de Ética, da A.R., sobre o caso PT/TVI, e depois de me ter identificado com os casos de abuso sexual e pedófilo no seio da Igreja. É isto que explica muitas das referências que faço no âmbito do pensamento. Por isso, não se admirem de, eu, depois desta reflexão, ter ficado muito consciente de que a verdade não se impõe, impõe-se, e que a mentira não dura, apenas perdura. E para tanto, para que a verdade seja imposta, precisa dos recursos de um qualquer poder, político, religioso, financeiro, cultural, militar, etc., o mesmo acontecendo com relação à mentira, que só estribada nesses mesmos poderes tem eficácia. É por isso que verdade e mentira caminham ombro a ombro pelas largas avenidas da história, pelas ruas das nossas sociedades e pelas vielas da nossa existência, como o provou o filósofo Pedro Abelardo, em plena Idade Média, quando sentenciou que a verdade é antes de tudo uma conquista. E pagou por isso um alto preço. E pior que tudo, pode o seu exemplo, para além de tantos outros, significar que de há centenas e centenas de anos a humanidade se resignou a uma só escolha, a escolher entre a merda e a bosta. Mas pode ser que não!
José Luís Moreira dos Santos
Pardilhó

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